Os comerciantes da Rua César Castiglioni Júnior, localizada no bairro da Casa Verde, Zona Norte de São Paulo, estão insatisfeitos com a recente instalação de vagas de Zona Azul na via. A medida, implantada pela Prefeitura de São Paulo em agosto de 2023, tem gerado polêmica e reclamações entre os empresários locais, que alegam uma queda significativa no fluxo de clientes e um aumento na violência da região.
A comerciante Maria do Carmo, proprietária de um salão de beleza na via, expressou sua preocupação com a mudança: "Além da queda de fluxo de clientes no meu salão, a região começou a ficar violenta, com uma onda de assaltos. Estamos assustados, pois a Casa Verde sempre foi um bairro tranquilo, residencial, e essa mudança, a inclusão na Zona Azul aqui na via, foi feita sem a nossa anuência, sem o nosso conhecimento."
Outro comerciante, Vera Lucia Aparecida Coelho, destacou os problemas de congestionamento nas ruas adjacentes, uma vez que muitos motoristas estão evitando pagar pelo estacionamento rotativo. "Está um caos. As melhorias demoram para acontecer, e quando há algo, só prejudica quem está aqui, lutando diariamente," afirmou Vera Lucia.
A Casa Verde é conhecida por sua fácil acessibilidade ao Centro e à Zona Oeste de São Paulo, possuindo conexões importantes como as pontes da Casa Verde e do Limão, além do acesso aos terminais intermodais Palmeiras-Barra Funda e Tietê. A Rua César Castiglioni Júnior, popularmente conhecida como a avenida dos bancos, sempre foi um ponto de movimentação intensa, atraindo consumidores para as diversas lojas locais.
No entanto, a situação parece ter mudado para pior, conforme relata Jaqueline, proprietária da Churrascaria Simpatia Gaúcha: "Com a queda de movimento em meu estabelecimento, estou pensando na possibilidade de fechar as portas. As contas não estão fechando. O custo é alto, e a clientela caiu muito após a implementação da Zona Azul na via."
O gestor público Ricardo Holz destacou a importância do diálogo entre a subprefeitura e os comerciantes antes da implementação de qualquer política pública. "Nossa linha de pensamento é que a subprefeitura deve dialogar com os comerciantes antes de implementar qualquer medida, seja ela a zona azul ou qualquer outra, mesmo que tenha o objetivo de melhorar a rotatividade dos carros. É essencial o diálogo entre os moradores, os trabalhadores da região e os gestores públicos. Sem esse diálogo, não faz sentido. Não podemos aceitar nenhum tipo de política pública imposta de cima para baixo", afirmou Holz.
Em nota, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) explicou que a instalação das vagas de Zona Azul tem como objetivo promover um maior aproveitamento do uso das vagas junto ao meio-fio através da rotatividade. A regulamentação é baseada em estudos de viabilidade técnica, pesquisas de demanda e ocupação do solo, focando em áreas com predominância comercial e de serviços, como é o caso das vias na Casa Verde.
A polêmica em torno da Zona Azul na Casa Verde continua, com comerciantes e moradores buscando um equilíbrio que atenda tanto às necessidades de mobilidade quanto à segurança e prosperidade do comércio local.