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Eduardo Micheletto

Saúde

26/06/2024

Prefeitura promove ações de conscientização e controle da diabetes na capital

No Dia Nacional de Combate ao Diabetes, 26 de junho, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) aponta as estratégias de prevenção e programas de acompanhamento dos pacientes diabéticos da cidade de São Paulo. A data é importante para alertar e conscientizar a população sobre as causas e consequências desta doença que, em estágios mais avançados, devido às altas taxas de glicose no sangue, pode causar várias complicações prejudicando partes do corpo e órgãos como rins, membros inferiores, os pés, os olhos (glaucoma, catarata/retinopatia diabética, cegueira), causando acidente vascular cerebral (AVC) e infarto.

A pele também é atingida, ficando mais sensível e seca, propensa a coceiras e a infecções por fungos ou bactérias, pois a glicose em excesso rouba a água do organismo. Vale lembrar que o diabetes tipo 2 é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma epidemia e é fortemente influenciado por fatores relacionados a hábitos de vida, como alimentação e sedentarismo.

Como o diabetes é uma doença crônica grave, silenciosa e muitas vezes o diagnóstico é ser tardio, as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) – a porta de entrada da rede municipal de saúde – implantaram programas importantes como parte da estratégia de cuidado da enfermidade, além dos protocolos de controle de risco que buscam evitar o aumento da incidência da doença.

Um total de 1,1 milhão de cidadãos paulistanos com diabetes mellitus foram acompanhados nos últimos quatro anos nas 471 Unidades Básicas de Saúde (UBS) da capital, sendo 70% deles com diabetes do tipo 2, de acordo com a área técnica de Doenças Crônicas Não Transmissíveis da SMS. No mesmo período, cerca de 740 mil pessoas foram diagnosticadas com a doença.

 

Diabetes, a doença
O diabetes ocorre quando o pâncreas não produz insulina (hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue) ou quando não usa de forma eficaz a que produz. É uma doença caracterizada pelo comprometimento do metabolismo da glicose e é um dos principais problemas de saúde pública.

As intervenções terapêuticas devem direcionar-se ao rigoroso controle da glicemia e de outras condições clínicas, no sentido de prevenir ou retardar a progressão da doença para as complicações crônicas, bem como evitar complicações agudas e graves, como por exemplo a cetoacidose, que ocorre quando o corpo produz ácidos sanguíneos (cetonas) em excesso.

O diabetes de tipo 1 ocorre quando o pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina e, geralmente, surge na infância ou na adolescência, mas pode ser diagnosticado na fase adulta. Seu tratamento é com insulina, medicamentos, alimentação saudável, fracionada e adequada regular e regrada, e exercícios físicos para auxiliar no controle do nível da glicose.

O tipo 2 aparece mais nos adultos, na faixa dos 40 anos, pois o pâncreas já não produz insulina na quantidade que o corpo necessita. O tratamento é feito com atividades físicas e uma alimentação regular, podendo ou não incluir insulina e medicação para controlar a glicose.

Já o diabetes gestacional (aumento dos níveis de açúcar no sangue na gravidez), quando não tratado, pode tornar-se crônico.

Uma das complicações do diabetes, quando não tratado, é o chamado pé diabético. O cuidado dos pacientes diabéticos com os pés é importante pois eles podem apresentar neuropatia periférica (dormência; redução da capacidade de sentir dor), com possibilidade de o paciente ferir os pés, sem sentir a lesão, que infecciona e não cicatriza, aumentando as chances de amputação.

Prevenção e cuidados
Por meio do programa educativo “Viva a Vida com diabetes”, criado pela Secretaria Executiva de Atenção Básica, Especialidades e Vigilância em Saúde (Seabevs) e pela Coordenadoria de Atenção Básica (CAB), a SMS promove ações de conscientização dos mecanismos e controle da doença por meio da educação permanente.

O objetivo do programa é conscientizar pessoas que vivem com diabetes sobre as consequências para quem não realiza o controle adequado dos níveis glicêmicos, considerando que as ações para mudança de estilo de vida, como orientação nutricional, prática monitorada de exercícios físicos, controle adequado da glicemia e autocuidado apoiados são tão importantes quanto o tratamento medicamentoso.

Por isso, após avaliação médica, o paciente recebe o planejamento do tratamento dietoterápico individualizado e é sensibilizado sobre a importância do seguimento e acompanhamento de sua alimentação bem como participação em palestras realizadas pela equipe multiprofissional da UBS. Afinal, a educação em saúde é reconhecida como mecanismo eficaz na capacitação para o autocuidado, sendo a educação nutricional e o autocuidado do paciente essenciais para o controle da doença.

O Viva a Vida com diabetes também contempla as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) como o Tai Chi Pai Lin, Lian Gong, Meditação, Yoga, Acupuntura, Auriculoterapia, entre outras, adotadas como coadjuvantes no tratamento da diabetes mellitus. As PICS também promovem o acolhimento, o autocuidado e a formação de uma rede de solidariedade e interação entre as pessoas, contribuindo para o alívio do sofrimento diante das dificuldades do mundo e das doenças.

Suporte a pacientes insulinodependentes
Já o Programa de Automonitoramento Glicêmico (PAMG) visa incentivar o autocuidado dos pacientes insulinodependentes. Por meio do suporte ao tratamento adequado, ele já beneficiou cerca de 310 mil pacientes desde que o seu início, em 2005. Atualmente 129 mil pacientes são assistidos, sendo 78.562 mulheres e 50.500 homens.

Os pacientes são monitorados pela equipe multidisciplinar da Unidade Básica de Saúde. Também recebem aparelhos de verificação de glicemia capilar e têm acesso de forma contínua a insumos (tiras, lancetas e seringas), possibilitando assim o adequado autocontrole glicêmico.

Por meio do programa, a SMS distribuiu nos últimos quatro anos mais de 14 milhões de doses de insulina. Foram 1.939.724 doses em 2020, 2.740.347 em 2021, 4.428.443 em 2022 e 5.291.334 em 2023.

UBS conseguiu melhorar nível de controle da doença
A Unidade Básica de Saúde (UBS) Parque da Lapa, localizada na zona leste, tem 322 pacientes cadastrados no Programa de Monitoramento Glicêmico (PAMG), e, por meio dos cuidados promovidos, já conseguiu aumentar de 35% para 57% o índice de pessoas dentro da faixa de normalidade nos exames de acompanhamento. Neste equipamento, a maior prevalência da doença está na faixa etária entre 61 e 80 anos, com 159 pacientes.

“O usuário tem que se conscientizar que é o próprio agente do cuidado. É preciso prevenir os agravos dessa doença crônica por meio de mudanças de hábitos alimentares e estilo de vida para assim realizar o tratamento”, enfatiza Gabriela Rocha Bernardes Venâncio, enfermeira e gerente da UBS. “É possível ter qualidade de vida sendo diabético. Mas, para isso é preciso controlar o índice glicêmico para que não progrida”, destaca a gestora.

A SMS também realiza trabalhos de promoção de hábitos de vida saudáveis na infância e adolescência, inclusive de forma intersetorial, como o Programa Saúde na Escola, que colabora para promoção da saúde e prevenção de doenças.

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