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Eduardo Micheletto

Política

02/05/2024

A prefeitura mais ajuda ou atrapalha o seu negócio?

Em meio a um cenário econômico repleto de desafios, a atuação do poder público pode significar a diferença entre o sucesso e o fracasso de empreendimentos locais. Neste contexto, São Paulo se destaca como um exemplo de como políticas públicas voltadas para o empreendedorismo podem ser um motor de desenvolvimento para a cidade. Ricardo Holz, renomado comentarista da Jovem Pan News e especialista em administração pública e gerência de cidades, compartilha sua visão sobre a importância da sinergia entre a prefeitura e os empresários para o crescimento econômico e social.

Combate à Corrupção: Um Pilar Fundamental

Holz enfatiza que o combate à corrupção deve ser uma prioridade inegociável. "Não podemos mais aceitar a extorsão de empreendedores por agentes fiscalizadores. Isso sufoca o crescimento econômico e a inovação," afirma. Segundo ele, é crucial criar um ambiente onde o empreendedor sinta-se apoiado e não coagido, o que demanda uma transparência e integridade irrepreensíveis por parte do poder público.

Desburocratização e Incentivos Fiscais: Estímulos ao Empreendedorismo

A redução da burocracia e dos encargos tributários é outro ponto crítico levantado por Holz. "A prefeitura deve ser uma aliada, não um obstáculo. Políticas como a redução do ISS para atividades digitais são um excelente começo," ressalta. Ele destaca as medidas adotadas pela Prefeitura de São Paulo, como a eliminação de taxas e a implementação de projetos de incentivo, que têm contribuído significativamente para a atração de empresas e para o estabelecimento da cidade como um polo empreendedor.

Segurança e Zeladoria Urbana: Bases para o Desenvolvimento

A segurança e a manutenção da infraestrutura urbana completam a tríade de áreas críticas apontadas por Holz. "Um ambiente seguro e bem cuidado é fundamental para o bem-estar dos cidadãos e para a prosperidade dos negócios," argumenta. A ação da prefeitura em garantir uma boa zeladoria pública, incluindo iluminação adequada e manutenção de espaços verdes, é vista como um fator chave para criar um clima de segurança e confiança que beneficia todos.

Reconhecimento e Perspectivas

Sob a luz destas políticas, São Paulo não apenas viu um expressivo aumento no número de empresas estabelecendo suas sedes na cidade, mas também ganhou destaque como a melhor cidade brasileira para o empreendedorismo feminino segundo o Índice Women Entrepreneur Cities. Esta conquista reflete o sucesso das iniciativas voltadas à criação de um ambiente favorável ao empreendedorismo, abrangendo desde a segurança jurídica até o fomento de uma cultura de inovação e inclusão.

No entanto, para Holz, ainda há muito a ser feito. "As medidas adotadas são um excelente começo, mas São Paulo pode e deve ir além," ele observa. Em sua visão, é imperativo que a prefeitura continue a buscar maneiras de apoiar os empreendedores, melhorar a infraestrutura urbana e garantir a segurança, criando assim as condições ideais para que negócios floresçam e, consequentemente, para que a cidade se desenvolva de maneira sustentável e inclusiva.

Antônio Souza, Conselheiro Deliberativo e SubDelegado Seccional do CreciSP, destaca a responsabilidade dos comerciantes em relação ao pagamento de impostos e questiona os benefícios recebidos em troca. Ele reconhece os desafios enfrentados pela administração de São Paulo, uma metrópole com cerca de 22 milhões de habitantes, e a complexidade em satisfazer a todos. Souza observa que, apesar da carga tributária, o setor imobiliário encontra viabilidade nos custos relacionados à obtenção de documentação. Ele valoriza os serviços gratuitos fornecidos pela prefeitura, como o site responsivo e a ferramenta GEOSAMPA, que exemplificam o retorno dos impostos à população através de serviços digitais.

Além disso, o superintendente elogia a prefeitura por sua atuação reguladora no mercado imobiliário e construtivo, destacando a importância do zoneamento, manutenção de espaços públicos e o acesso facilitado às secretarias para o atendimento ao público. Ele enfatiza a necessidade de uma parceria entre a população e a administração municipal, onde os cidadãos devem adotar uma postura de respeito e conservação dos serviços e equipamentos públicos disponibilizados.

Em resumo, Souza acredita que, para alcançar uma cidade melhor, é essencial que tanto os comerciantes quanto a prefeitura desempenhem seus papéis efetivamente, promovendo um comércio forte capaz de gerar empregos e manter a dignidade da população assalariada, essencial para a sustentabilidade do comércio.

A trajetória de São Paulo nos últimos anos serve como um modelo poderoso do impacto positivo que políticas públicas bem direcionadas podem ter no tecido empresarial de uma localidade. No entanto, como aponta Ricardo Holz, este é um processo contínuo que requer dedicação, inovação e, acima de tudo, uma parceria sólida entre o setor público e o privado.

Número de MEIs no Brasil

Em uma recente divulgação de estatísticas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil registrou um impressionante número de 13,2 milhões de microempreendedores individuais (MEIs) em 2021, representando 69,7% do total de empresas e outras organizações e 19,2% do total de ocupados formais no país. Este número mostra um aumento significativo em comparação com 2019, quando havia 9,6 milhões de MEIs, indicando não apenas o crescimento do empreendedorismo no Brasil, mas também os desafios que acompanham esse crescimento.

A ascensão do MEI no cenário empresarial brasileiro reflete uma tendência de crescimento e diversificação econômica, mas também destaca a necessidade de suporte e estruturação adequados para esses novos negócios. O comentarista da Jovem Pan News, Ricardo Holz, e Danilo Matos, presidente da ANPLIA – Associação Nacional dos Profissionais Liberais e Autônomos, oferecem insights valiosos sobre os desafios enfrentados pelos microempreendedores no Brasil.

O Peso do Estado e a Sobrevivência do MEI

Segundo estudos do SEBRAE, um percentual elevado de empresas encerra suas atividades antes de completar um ano de funcionamento. Embora a falta de conhecimento em gestão seja frequentemente citada como causa, pouco se discute sobre o impacto da carga tributária e das exigências regulatórias na sustentabilidade desses negócios.

Danilo Matos traz à tona uma questão crítica relacionada às taxas municipais, como a Taxa de Fiscalização de Estabelecimento (TFE), que pode chegar a R$ 5.000,00. "Para uma empresa que está começando, isso pode ser uma sentença de morte," afirma Matos. Além disso, muitos empreendedores relatam uma discrepância entre o pagamento dessas taxas e a efetivação dos serviços prometidos, levantando questões sobre a eficácia e a justiça da fiscalização municipal.

Desafios para o Crescimento

O aumento no número de Microempreendedores Individuais no Brasil é uma demonstração do forte espírito empreendedor que permeia o país. Contudo, também evidencia a necessidade de reformas que facilitem a gestão desses negócios. A complexidade das regulamentações, aliada ao peso das obrigações fiscais, pode inibir o crescimento econômico e a geração de empregos, principalmente em um país onde os microempreendedores representam uma parcela significativa do tecido empresarial.

Ricardo Holz destaca a importância de um ambiente regulatório mais amigável para os MEIs. "A criação de novos negócios e a geração de empregos são essenciais para o desenvolvimento econômico do Brasil. É crucial que o governo reconheça esses empreendedores como parceiros, não como fontes de receita através de taxas e multas exorbitantes," argumenta Holz.

A Força transformadora do Empreendedorismo Feminino

Em 2022, o Brasil testemunhou um marco histórico no empreendedorismo feminino, com um estudo realizado pelo Sebrae, baseado em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do IBGE, revelando que havia 10,3 milhões de mulheres à frente de seus próprios negócios. Este número não apenas representa o maior contingente de empreendedoras na história do país, mas também demonstra a força e a resiliência das mulheres no universo dos negócios, onde elas agora constituem 34,4% dos empresários brasileiros.

O empreendedorismo feminino não é apenas um indicador de progresso na igualdade de gênero, mas também uma força motriz essencial para o desenvolvimento econômico e social. As mulheres empresárias têm mostrado não só a capacidade de liderar e inovar, mas também de criar oportunidades de emprego e contribuir significativamente para a economia.

Liderança Feminina nas Regiões e Setores

O Sudeste lidera com uma participação de 44% de mulheres empreendedoras, superando a presença masculina na região. Este crescimento é notável, especialmente considerando a diversidade dos setores dominados por mulheres, que vão desde cabeleireiros e tratamento de beleza a serviços de ensino e confecção sob medida. Essa ampla gama de atividades destaca a versatilidade e adaptabilidade das mulheres no mundo dos negócios.

Desafios e Soluções no Caminho

No entanto, o caminho para o sucesso é repleto de desafios. Nadia Nobre, economista e sócia da Humanitics Desenvolvimento Estratégico, ressalta problemas fundamentais que ainda assolam o ambiente empresarial, como a comunicação falha, a falta de clareza nos objetivos e metas, e a ausência de compromisso. "A correção para essas questões não depende de uma grande implantação tecnológica. Precisamos de um plano disciplinado para tornar a execução um dispositivo constante e uma mudança de comportamento para sustentar a nova rotina," afirma Nobre.

A Importância da Rede de Contatos

Doroti Boscolo, CEO e idealizadora do Projeto Netweaving para Negócios, enfatiza a importância da conexão e do networking para o crescimento empresarial. "Eventos locais como feiras, workshops e simpósios são fundamentais para conectar e conhecer novas pessoas e empresas de diversos segmentos, contribuindo exponencialmente para o crescimento na minha área de atuação," diz Boscolo. Este enfoque na construção de redes de contatos destaca uma estratégia vital para as empreendedoras que buscam expandir seus horizontes e explorar novas oportunidades.

O crescimento do empreendedorismo feminino no Brasil é uma tendência promissora que reflete não apenas a quebra de barreiras, mas também a capacidade das mulheres de liderar, inovar e transformar a sociedade. Através do desenvolvimento de estratégias eficazes de comunicação, planejamento e networking, as empreendedoras brasileiras estão estabelecendo um novo padrão de sucesso e contribuição econômica. Enquanto o país avança, o empreendedorismo feminino continua vital para uma sociedade mais equitativa e próspera.

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