A comunicação é uma competência que praticamos a vida toda. Muito antes de aprendermos a falar, já nos comunicamos. O choro de bebês no instante do parto, por exemplo, é uma forma de comunicação.
Ao longo da vida, nos comunicamos com um número incontável de pessoas e em diferentes contextos e linguagens, como a oral, a escrita e a corporal. Comunicar-se é algo tão comum a um ser humano quanto respirar ou tomar água. Podemos dizer que simplesmente é parte da vida.
Contudo, ainda que a comunicação seja inerente a todos nós, não quer dizer que seja tranquilamente exercida ou livre de dificuldades. A mensagem emitida muitas vezes é diferente da mensagem recebida porque entre emissor e receptor existem elementos geradores de ruídos, incluindo-se aspectos culturais, diferenças de geração e de personalidade, estados emocionais, estresse, entre outros.
Quando à influência do estado emocional na geração de ruídos na comunicação, é sempre importante lembrar que uma pessoa irritada ou nervosa tem maiores chances de insucesso em sua comunicação, em qualquer linguagem e contexto. Afinal, essa pessoa provavelmente se expressará com palavras, gestos e olhares agressivos, ou até violentos, dificultando sua comunicação.
A pergunta que surge, portanto, é direta: o que podemos fazer para melhorar a comunicação? Como resposta, eu cito a Comunicação Não-Violenta, ou CNV.
Inspirado pelas ideias pacifistas de Gandhi, um docente norte-americano chamado Marshall Rosemberg (1934-2015) elaborou um método focado em tornar a comunicação mais serena, mais eficiente e mais pacífica (não violenta).
Rosemberg denominou seu método de Comunicação Não Violenta – ou simplesmente CNV, com 4 passos didáticos para sua prática cotidiana. Ao aplicá-la e difundi-la, ele tornou-se um respeitado mediador de conflitos com atuação na Sérvia, Croácia e Ruanda. A CNV atualmente é utilizada em mais de 65 países.
A observação sem avaliação inicia o processo. Trata-se de esforço para não julgar, rotular ou criticar, algo muito desafiador. Se a pessoa sentir-se julgada e criticada provavelmente reagirá. Sem julgamentos e críticas, parte das barreiras à comunicação é derrubada.
A expressão de sentimentos é o 2º passo do método. Identificar sentimentos, diferenciá-los dos pensamentos, e saber expressar emoções de forma clara e específica facilita a conexão e a empatia entre as pessoas.
O reconhecimento das necessidades escondidas por trás dos sentimentos é o passo seguinte. Reconhecer uma necessidade não atendida e o sentimento vinculado facilita a comunicação ao gerar empatia. Desenvolve-se uma consciência de si e da outra pessoa, das respectivas necessidades e responsabilidades emocionais, com impacto na comunicação.
O pedido do que se precisa é o 4ª e último passo do método. Ser claro a respeito do que se precisa, usar linguagem positiva com foco em ações concretas, não soar coercitivo e estar preparado para respostas negativas são aspectos centrais.
A Comunicação Não Violenta proposta por Rosemberg objetiva aproximar as pessoas, com processos comunicacionais pautados pela empatia e mais humanizados. Não se trata de mudar o comportamento das pessoas para obter determinados resultados, o que significa estar ciente que respostas negativas são parte da realidade.
A CNV pode ser vivida nas relações pessoais e profissionais, com resultados excelentes. A prática de processos comunicacionais mais calmas e pacíficos é uma enorme contribuição à nossa sociedade.